Título: Alvorada Vermelha (Red Rising)
Autor: Pierce Brown
Lançamento: março de 2015 (1ª edição)
Editora: Editorial Presença
Tradutora: Miguel Romeira
"Alvorada Vermelha" apresenta uma distopia cativante, embora pouco invulgar. As suas personagens detêm muito caráter e são, claramente, a sua maior qualidade.
Caracterizado pelos críticos e pela própria Amazon como o seguimento do entusiasmo da saga "Hunger Games" ("Os Jogos da Fome"), "A Guerra dos Tronos" e "Divergente", "Alvorada Vermelha" dá-se num futuro distópico onde o ser humano é classificado consoante a sua cor que, por sua vez, é atribuída de acordo com as características de cada um. Numa primeira análise, não é o conceito mais original, podendo compará-lo a outras distopias e, principalmente, com o recente filme young adult "Mentes Perigosas" (inspirado no livro homónimo, que antecede a carreira literária Pierce Brown).
A escrita é simples e juvenil. Inicialmente, os termos exclusivos do romance — como "garraFuradeira", "TestasDouradas" e "OcasiãodoLouvor" — podem confundir e o calão abundante não é do mais agradável. No entanto, depressa nos habituamos e afeiçoamos a esta gíria peculiar.
As personagens, jovens e carismáticas, encantam à medida que experienciam os horrores e prazeres da vida. Talvez por isto o enredo não seja tão inédito e indicado para leitores com anos de prática. É fundamental que as personagens descubram o significado do amor, a ousadia da humildade e a pertinência da paciência, no entanto, o modo como são abordados já se verifica repetitivo. Paralelamente, encontramos diversas referências ao ultrapassado império romano, aproximando a elite romana aos Dourados, a casta que domina a sociedade do romance (um dos pormenores que mais apreciei).
Apresentado sob a perspetiva de uma personagem — Darrow, um jovem vermelho —, o romance pode ser divido em duas partes. A primeira, na minha opinião a melhor, apresenta-nos a realidade inacreditável em que Darrow nasceu e aprendeu — onde aos 13 anos já se é homenzinho que chegue para trabalhar e casar e aos 40 o ancião da comunidade. São nestas páginas que o escritor desenvolve um conjunto de pensamentos meritórios, abordando a ignorância do povo, a facilidade com que a mente é influenciada e ainda outras alegorias inspiradas no nosso quotidiano. Esta primeira fase termina com a superação de vários obstáculos surpreendentes e pessoais, como (alerta spoiler) a morte frívola, mas muito sentida, de Julian au Bellona.
A segunda parte do livro retrata uma guerra articulada, mas que chega a ser cansativa (afinal, são 200 páginas de investidas e contra-ataques!). Alguns golpes correram nitidamente “demasiado bem”, e o contexto de distopia não está tão presente.
Mal terminei a leitura, investiguei e descobri que "Alvorada Vermelha" é o primeiro livro de um saga de seis. Curioso por saber como terminariam as amizades de Darrow, li o segundo e o terceiro volumes em 2 dias. Contrariamente ao que esperava, são um infeliz prolongamento da segunda parte de "Alvorada Vermelha", ou seja, armas, traições e guerras com menos moral e muita estratégia. Para além de entediantes, verificam-se livros confusos e equivocados. Perante esta crítica, podes perguntar-me «Porque te deste ao trabalho de ir tão longe na leitura?» A resposta é simples: «Apesar do tema fatigante, apaixonei-me pelas personagens secundárias». Embora Darrow, o protagonista, não possua grande caráter (ou talvez possua em demasia, o que o leva a equivocar-se e anular-se), ele caracteriza e exprime a personalidade das outras personagens de uma maneira deliciosa e muito cativante.
Por fim, acredito que o grande sucesso de Pierce Brown se deve à caracterização garbosa das suas personagens. De momento, o autor encontra-se a concluir a sua segunda trilogia, que dá continuação a esta primeira. Aguardarei futuras obras do escritor, independentes de "Alvorada Vermelha", com a expectativa de encontrar as suas personagens características aliadas a um enredo brioso — nesse altura, poderei dar-lhe mais estrelas.
Apresentado sob a perspetiva de uma personagem — Darrow, um jovem vermelho —, o romance pode ser divido em duas partes. A primeira, na minha opinião a melhor, apresenta-nos a realidade inacreditável em que Darrow nasceu e aprendeu — onde aos 13 anos já se é homenzinho que chegue para trabalhar e casar e aos 40 o ancião da comunidade. São nestas páginas que o escritor desenvolve um conjunto de pensamentos meritórios, abordando a ignorância do povo, a facilidade com que a mente é influenciada e ainda outras alegorias inspiradas no nosso quotidiano. Esta primeira fase termina com a superação de vários obstáculos surpreendentes e pessoais, como (alerta spoiler) a morte frívola, mas muito sentida, de Julian au Bellona.
A segunda parte do livro retrata uma guerra articulada, mas que chega a ser cansativa (afinal, são 200 páginas de investidas e contra-ataques!). Alguns golpes correram nitidamente “demasiado bem”, e o contexto de distopia não está tão presente.
Uma das músicas e sacrifícios do povo de Darrow. |
Mal terminei a leitura, investiguei e descobri que "Alvorada Vermelha" é o primeiro livro de um saga de seis. Curioso por saber como terminariam as amizades de Darrow, li o segundo e o terceiro volumes em 2 dias. Contrariamente ao que esperava, são um infeliz prolongamento da segunda parte de "Alvorada Vermelha", ou seja, armas, traições e guerras com menos moral e muita estratégia. Para além de entediantes, verificam-se livros confusos e equivocados. Perante esta crítica, podes perguntar-me «Porque te deste ao trabalho de ir tão longe na leitura?» A resposta é simples: «Apesar do tema fatigante, apaixonei-me pelas personagens secundárias». Embora Darrow, o protagonista, não possua grande caráter (ou talvez possua em demasia, o que o leva a equivocar-se e anular-se), ele caracteriza e exprime a personalidade das outras personagens de uma maneira deliciosa e muito cativante.
Por fim, acredito que o grande sucesso de Pierce Brown se deve à caracterização garbosa das suas personagens. De momento, o autor encontra-se a concluir a sua segunda trilogia, que dá continuação a esta primeira. Aguardarei futuras obras do escritor, independentes de "Alvorada Vermelha", com a expectativa de encontrar as suas personagens características aliadas a um enredo brioso — nesse altura, poderei dar-lhe mais estrelas.
"Alvorada Vermelha" é um romance com personagens apaixonantes e um cenário promissor. A meio do livro, a tenacidade da história é trocada pela chama aliciante da guerra — Pierce Brown esqueceu-se de que esta chama é impiedosa e depressa enfarta.
P.S. — Depois de desenvolver a crítica, li opiniões de outros bloggers e leitores. Surpreendi-me quando descobri que (quase) todos deram 5 em 5 estrelas ao livro. Como já referi, adorei as personagens. No entanto, isso não chega para me fazer idolatrar "Alvorada Vermelha". Não desprestigio nem nego as resenhas que li, simplesmente não reconheço a minha leitura nelas.
Sinopse | CONHECE A REALIDADE DISTÓPICA DE ALVORADA VERMELHA
Alvorada Vermelha é o primeiro volume de uma trilogia que tem tudo para conquistar a legião de fãs de Os Jogos da Fome.
Passa-se numa altura em que a humanidade começou a colonizar outros planetas, como Marte. Darrow é um jovem de 16 anos que pertence à casta mais baixa da Sociedade, os Vermelhos, uma comunidade que vive e trabalha no subsolo marciano com a missão de preparar a superfície do planeta para que futuras gerações de humanos possam lá viver. No entanto, em breve Darrow irá descobrir que ele e os seus companheiros foram enganados pelas castas superiores. Inspirado pelo desejo de justiça, Darrow irá sacrificar tudo para se infiltrar na casta dos Dourados… e aniquilá-los!
Vingança, guerra e luta pelo poder num romance de estreia trepidante que nos prende de imediato pelo ritmo e originalidade do trama.
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