Título: Morte na Arena
Com uma escrita natural e personalizada, “Morte na Arena” apresenta um policial coeso, cativante e diferente. Afinal, é português!
Prezo um livro pela sua originalidade e conteúdo singulares, escrita fluída e contexto. Naturalmente, leio mais traduções do que livros nacionais, sendo que as traduções tendem a carecer de uma escrita personalizada. No caso de “Morte na Arena”, encontramos uma leitura diferente, tanto ao nível do conteúdo como a nível estilístico.
O povo português não tem muitas obras situadas em Portugal, pelo menos em regiões popularmente conhecidas. Este policial passa-se no coração de Lisboa e apresenta um notável conjunto de referências nacionais — desde a nossa polícia até à conceituada porcelana da Vista Alegre. De início, podem parecer meros pormenores, todavia, é esta característica e a escrita estilizada de Pedro Garcia Rosado que distinguem a sua obra.
Além disto, encontramos um leque de personagens nitidamente portuguesas, com alguns dos costumes e vícios exclusivos do nosso povo e outros abrangendo os alicerces da sociedade humana. O escritor dá a necessária importância à vida pessoal das personagens, concedendo-lhes a sua humanidade.
Através desta escrita agradável e cuidada, o policial transparece um mistério particularmente interessante. Infelizmente, li a sinopse e o título antes de me embrenhar na leitura — um erro crasso. Para além da sinopse se assemelhar a um resumo da história, o próprio título contém o maior spoiler de todos. Na minha perspectiva, a pior faculdade do livro é mesmo a sua apresentação. Para uma história de amor teria servido, mas não para uma obra que tem como objetivo surpreender o leitor com um enigma.
Em diversas obras “assistimos” a atos e visões de horror sem muito sentirmos e experienciarmos. No entanto, este não é o caso de “Morte na Arena”. Pedro Garcia Rosado descreve cenas do crime completamente chocantes, onde um rastro de sangue é suficiente para te fazer suster o fôlego.
“Morte na Arena” sucede o livro “Morte com Vista para o Mar”. Embora ainda não tenta lido este último, adianto que não é necessário conhecê-lo para entender o policial e, mais, até penso que a situação contribui para a condensação do mistério.
"Morte na Arena" conquistará não só os apreciadores de policiais, como qualquer leitor que preze uma perspetiva surpreendente de Portugal.
Sinopse | DESVENDA OS SEGREDOS NACIONAIS POR DETRÁS DE MORTE NA ARENA
Quatro homens aparecem mortos num prédio devoluto, ao lado de um braço decepado que não pertence a nenhum deles. Com o passar dos dias começam a surgir outros membros humanos espalhados por Lisboa, até ser evidente que são partes do corpo de uma jovem de dezasseis anos, filha de um dirigente político, que foi assassinada e que estava desaparecida havia meses.
As investigações destes casos estão a cargo da inspetora-coordenadora da PJ, Patrícia Ponte, ex-mulher de Gabriel Ponte, que enfrenta agora obstáculos dentro da própria PJ, além da pressão do ex-marido, que quer informações sobre o caso, e da jornalista Filomena Coutinho, que foi a causa da separação deles.
Os três acabam por descobrir um inferno escondido nos túneis subterrâneos de Lisboa: uma arena onde especialistas em combate corpo a corpo massacram homens e mulheres, numa imitação dos combates de gladiadores da Roma Antiga.
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